Eu Pensante X Eu Observador!

João Gabriel Simões
2 min readDec 3, 2023

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Há uma parte de sua mente que fala — o Eu Pensante — e uma parte de sua mente que escuta — o Eu Observador.

O Eu Pensante lembra de acontecimentos, reflete sobre problemas e projeta o futuro. O Eu Observador é a testemunha silenciosa que percebe as atividades do Eu Pensante.

Metaforicamente, imagine a mente humana como um vasto céu, onde o Eu Pensante é comparado às nuvens, sempre em constante movimento. Essas nuvens representam nossos pensamentos, sentimentos e sensações, constituindo o clima mental do momento. Enquanto isso, o Eu Observador é o céu em si, um espaço vasto e silencioso que acolhe tudo, testemunhando serenamente a dança incessante dessas nuvens.

A capacidade de observar os fenômenos mentais com uma atitude de aceitação e não julgamento, aliada à compreensão de que tais fenômenos não não nos definem, representa um insight compartilhado por diversas tradições espirituais ao longo da história humana, como o budismo, hinduísmo e taoísmo. No contexto da psicologia científica, chamamos esse “insight” de mindfulness ou atenção plena.

René Laloux

As práticas de mindfulness nos ajudam a se familiarizar com o “Eu Observador”, desempenhando um papel fundamental na promoção da saúde mental por pelo menos três razões:

1. Autoconsciência: Ao observar os pensamentos, emoções, sentimentos e comportamentos de forma objetiva, podemos ganhar insights valiosos sobre padrões cognitivos, gatilhos e reações automáticas, conhecendo mais sobre o que se passa na “caixa preta” da nossa mente.

2. Desidentificação: Ao testemunhar de maneira imparcial os pensamentos do Eu Pensante, o Eu Observador nos leva a se desidentificar do mesmo, uma vez que não somos aquilo que observamos. Logo, os fenômenos mentais perdem o poder de definir quem nós somos e determinar nossas limites.

3. Resposta consciente em vez de Reação automática: Ao estar ciente de nossas emoções e pensamentos, podemos escolher conscientemente como responder a uma situação, em vez de sermos guiados por impulsos automáticos, o que pode reduzir o estresse e promover uma tomada de decisão mais lúcida e inteligente.

Em síntese, as práticas de mindfulness, ao cultivar a familiaridade com o “Eu Observador”, desempenham um papel crucial na promoção da saúde mental. Elas possibilitam um aumento na autoconsciência, facilitam a desidentificação de padrões cognitivos limitantes e nos permitem fazer escolhas com mais lucidez, contribuindo assim para uma abordagem mais equilibrada e consciente perante os desafios da vida.

Por: João Gabriel Simões (Psicólogo)

Instagram: @joao_gabriel_simoes

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