Por que a gente se compara tanto com os outros?
1. Nos primórdios da humanidade, ser aceito pela “tribo” era essencial para a sobrevivência. Sem a tribo, tudo se tornaria mais desafiador: ficaríamos mais vulneráveis a predadores e inimigos, teríamos menos recursos e mais dificuldades para encontrar pessoas para “namorar”.
2 Por isso, comparar-se com cada membro da tribo, avaliando até que ponto éramos aceitos, se gostavam ou não de nós e qual era a utilidade de nossa função para a comunidade, tornou-se vital para a sobrevivência.
3. Acontece que agora, em vez de se comparar só com uma “tribo”, a nossa mente se compara com o mundo inteiro. Conhecidos, familiares, influencers, celebridades e até mesmo personagens fictícios.
4. E não leva nem um minuto para encontrarmos alguém que, de alguma forma, parece ser melhor que nós — mais bonito, inteligente, rico, jovem, com mais status, amigos, recursos, etc.
5. Como resultado dessa comparação diária, quase todos caminham pela vida com alguma versão da história “não sou bom o suficiente”.
6. A atividade de comparação faz parte da natureza da mente e não há nada de errado nisso. O problema surge quando tentamos anestesiar essa atividade (evitação experiencial) ou quando somos possuídos por ela (fusão cognitiva) e nos consideramos alguém que nunca será bom o suficiente.
7. “Não se compare com ninguém”. Essa frase de autoajuda que vemos por aí é uma “fuga” e não resolve o problema; na verdade, o intensifica, pois o que negamos tende a retornar com mais intensidade eventualmente.
8. Por outro lado, acreditar que toda comparação feita por nossa mente é verdadeira e representa a realidade dos fatos é outra armadilha.
9. Uma abordagem interessante para lidar com a comparação é aceitá-la como parte da experiência humana, mas não alimentá-la desnecessariamente. Ou seja, alimente as comparações alinhadas com seus valores, aquelas que o impulsionam em direção a uma vida plena e significativa. Quanto às outras, permita que venham e vão naturalmente, sem doar seu tempo/energia para as mesmas.
Por: João Gabriel Simões (Psicólogo)
Instagram: @joao_gabriel_simoes