Samurai Dos Tempos Modernos

João Gabriel Simões
2 min readJan 5, 2022

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Me apetece a ideia de empunhar a linguagem como um espada para defender a verdade, a justiça e a bondade, quando é demandado. É o espírito samurai que fala dentro de mim, uma vez que a espada mais mortal de todas não é a de aço, mas a língua humana. É disso que se trata ser um samurai nos tempos modernos, tempos nos quais, por mais que se faça ode ao progresso, abunda a mentira, a injustiça e a maldade, disfarçadas — geralmente — de seus opostos nas formas mais ardilosas possíveis. São os lobos em peles de cordeiro, que transitam pelos quatro cantos do planeta muito bem ocultados dos olhos da multidão, que não raro os protege. Seu lema é aquilo que o grande inquisidor proferiu através da pena de Dostoiévski: “nós os persuadiremos de que não serão verdadeiramente livres senão abdicando de sua liberdade em nosso favor”. Aliás, é uma constante na história humana o fato de a maioria desejar ser guiada por outrem, em razão de condicionamento, ignorância ou medo. Não há nada de errado em desejar depender de uma figura de autoridade para viver melhor, todavia existem consequências para tal atitude. O problema surge quando os lobos conscientes do desejo da massa a oprime, a fim de legitimar seus interesses espúrios. Basta oferecer “pão” para o corpo e uma narrativa de como as coisas são para a mente, para que a servidão se estabeleça. No fundo, conforme dizia Boétie, a servidão é, para a maioria das pessoas, voluntária.

É por isso que os samurais a que me refiro não são como heróis ansiosos para salvar as pessoas, posto que cabe a elas buscarem a própria “salvação”, mas defensores da verdade, justiça e bondade, princípios valiosíssimos, que fundamentam o “templo” da virtude humana, sem o qual não há sociedade que sobreviva.

J.G.S

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